E agora, José? A festa acabou, a luz apagou... Os heróis da cruzada anticorrupção se engalfinham por demonstrar quem é mais corrupto que o outro. Bolsonaro parece acuado por algo ainda no forno da PF, talvez a prova definitiva de que comanda uma familícia. Moro coroa tudo que a vaza-jato já demonstrara com um pedido de pensão inédito e o cinismo de se mostrar ultrajado pelas mesmas ilegalidades que acobertou durante todo o seu tempo de ministro. Desiste do STF sonhando alto com uma candidatura apoiada pela Globo, mas que soa fora de sincronia e circunstância.
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Hoje é domingo e não se ouvem buzinas contra a corrupção ou pelo direito de ir e vírus, sequer chamando pelo AI-6. Ouve-se em silêncio o trabalho de escavadeiras e coveiros jogando as previsões do Osmar Terra por debaixo dela mesma, assim como as de outros tantos que desdenharam da gripezinha Covid-19. Em número de novos casos, seis mil no dia de ontem, já garantimos o vice-campeonato mundial. É Brasil-zil-zil. Ainda entrando na fase mais crítica da pandemia, as UTIs já estão beirando o colapso. E se depender do novo ministro da saúde, cruzes. Sem falar na meia ou sapameia do Paulo Guedes, que dramático significado terá. Vou acender uma vela aqui pro Tim Maia, na falta de melhor religiosidade.
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Sou péssimo profeta, acerto uma de dez. Mas o Bozo não deve chegar ao final do ano no cargo. Ao demitir os ministros mais populares do governo, parece inclusive que tenta um suicídio político. Em nome do quê, um golpe com ele à frente? Difícil. Sem ele, pode ser. Substituído pelo Braga Netto ou outro milicão de patente, voltaríamos a uma ditadura clássica como a de 64, difícil de implantar nos dias de hoje – mas nunca impossível. E há a saída simples de um impeachment, que coloca no poder o Mourão e suas escolas cívico-militares com cabelos acima da orelha, ordem unida e boca fechada desde cedo para a população de forma bem democrática.
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A série "Investigadores da História" que passa no History Channel aos domingos (22h) faz através da criminalística aquilo que o bom senso já fazia por si: desnudar as farsas das execuções da ditadura brasileira e suas versões de suicídio, reação armada etc, através de exame meticuloso dos casos pelos peritos e apresentadores Mauro Yared e Celso Nenevê. Já exibiram os episódios do Herzog, Marighella e Stuart Angel, e hoje tem dobradinha muito especial: a estudante e militante da ALN Gastone Lúcia Beltrão e logo depois o Carlos Lamarca. Domingo que vem, decerto que sou suspeito, é mais especial ainda: o do meu irmão Luiz Eurico Tejera Lisbôa.
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Tem vídeo novo publicado, Chamando pra voar, que compus ano passado com saudades da filha viajante e agora pegou ares de confinamento. E pela semana, buscando cumprir o destino escrito no nome do site, vou estar testando com gerúndio e tudo umas pequenas lives, um pouco de papo e música enquanto ajusto as questões técnicas e precariedades do operador. Quem quiser chegar, é no youtube.com/neilisboatv e também aqui mesmo na página, a partir de terça-feira por volta de 17h, ou depois da chuva, tipo assim.
Foto Marcello Casal Jr./Agência Brasil